Daniel Alves mitou. Mitou mesmo. O ato de comer a banana foi uma ótima desconstrução simbólica de um objeto que então representava o racismo endereçado a ele. Agora, espera aí! Não é comendo banana, rindo, que vamos combater o racismo. A desconstrução do símbolo precisa vir acompanhada de atitudes coletivas sérias, da crítica dura e forte ao racismo, do lembrete de que a banana tacada no campo é só uma amostra de todxs xs negrxs mortxs por aí, principalmente através do braço do Estado, de que existe um padrão de beleza calcado na "boa aparência" que nada mais significa que pele clara e cabelo liso e mais um milhão de outras coisas cotidianamente a reafirmarem o racismo.
Quando se diz que "somos todos macacos" o que se busca não é escancarar o racismo e pensar como vamos combatê-lo efetivamente, como vamos acabar com ele, como vamos punir quem promove atitudes racistas. Não, simplesmente se propõe uma saída conciliatória para a questão - num tom de "que lindo, somos todos iguais". Desculpe, não, não somos todxs iguais. Ainda não. Não enquanto não reconhecermos que existe sim racismo, opressão, desigualdade e não trabalharmos para mudar a sociedade. Enquanto negrxs tentam há séculos reafirmar a sua luta histórica, o "somos todos macacos" responde: "veja, não precisa ficar aí gritando por suas pautas, não precisa ficar lutando para não morrer, para não ser suspeito a priori, para não ser arrastada pelo asfalto, para não sofrer preconceito na entrevista de emprego, numa loja etc.. Afinal, somos todos iguais, não é mesmo?". Nada mais que um reloaded do "Dia da consciência humana". E isso não é lindo.