O avanço dos centros urbanos limitou nossa contemplação do céu, uma vez que estamos mergulhados em luzes artificiais. Entretanto, ao distanciar dessas áreas nos libertamos para a percepção desse oceano cósmico que estamos imersos, o qual podemos identificar detalhes que relevam a magnitude do universo.
Em uma noite de pedal, ao afastar um pouco desses lampejos das cidades, fui muito bem instruído e apresentado a um dos mais belos componentes do céu: Scorpius, a constelação de Escorpião.
Essa constelação é a oitava de doze do zoodíaco e suas estrelas mais intensas formam a imagem de um escorpião. Scorpius, ja era observada nessas conformações pelos egípcios, persas e gregos. Os egípcios a relacionava com as secas do Nilo, que possuía seus maiores danos quando o Sol passava pela constelação. Para os persas, Antares, a maior, era o guardião do céu. Já na civilização grega a constelação era parte da materialização de um "duelo de titãs", onde Ártemes, deusa da caça, sentindo ameaçada pelo também grande caçador Órion, expressa sua face fria e vingativa e envia o escorpião para mata-lo.
Em observação realmente nota-se que a constelação de Órion se põe
enquanto as estrelas de escorpião nascem no outro horizonte e começa sua caminhada pelo céu.
Observamos o surgimento no horizonte de cada estrela do conjunto e a medida que elas se apresentavam, a beleza coletiva ia se revelando. A cabeça do escorpião é a primeira a se expor, com três estrelas em destaque, quando fui alertado de que o fatal aracnídeo já havia acordado.
A que se apresentou em seguida foi Antares, uma estrela de primeira magnitude. Os romanos chamavam Cor Scorpionis (Coração do escorpião). Ela é uma super gigante vermelha, com mil milhões de quilômetros de largura e nove mil vezes mais brilhante que o Sol, que se fosse posta em seu lugar, engoliria todos os planetas rochosos, ou seja, Mercúrio, Vênus, Terra e Marte. O nome Antares significa "rival de marte" - rivalidade entre os dois objetos mais avermelhados do céu, que são freqüentemente confundidos. Sua cor indica que a temperatura superficial é de aproximadamente 3.000 graus. A do Sol é de 5.800 graus, e as estrelas mais quentes tem temperaturas efetivas de 40.000 graus. Se saísse de cena agora, ainda se passariam seis séculos na Terra até percebermos o desaparecimento dessa estrela.
Logo as próximas estrelas foram surgindo e já no caminho de volta a imagem do escorpião nos é revelada. Inexplicável a percepção desse conjunto de estrelas que sempre esteve ali, mas que pra mim parecia estar nascendo naquele momento! A partir de cada olhar e interpretação do céu nos tornamos mais familiarizado com ele, como nas minhas próximas observações que já terá como meu companheiro esse nobre escorpião guerreiro.
A constelação de Escorpião esta impressa na bandeira do Brasil, representando oito estados da nação.
Um acontecimento que está próximo de acontecer nessa constelação são as três chuvas de meteoros, que podem ser observadas todos os anos na segunda quinzena de maio: omega escorpídeos (18 de maio), alfa escorpídeos (20 de maio) e lambda escorpídeos (24 de maio).
Atente para essa riqueza que todos os dias ilumina sob nossas cabeças, porque diferente dos porcos, você consegue olhar para o céu!
